O município de São Sebastião recebeu, nesta terça-feira (10/6), uma comitiva japonesa vinculada ao programa de cooperação internacional Brasil–Japão para apresentação de um estudo técnico voltado à contenção de detritos em áreas de risco. A visita marca o início das tratativas para a implantação do Projeto Sabo, iniciativa que une tecnologia de ponta e soluções de engenharia com foco na construção de cidades resilientes.
A reunião ocorreu no Paço Municipal e contou com a presença do prefeito Reinaldinho Moreira, que destacou a importância do momento para o futuro da cidade.
“O que vocês trazem hoje é um exemplo de solução a médio e longo prazo. Toda tecnologia que contribua com a proteção da nossa população será bem-vinda. Vamos sair na vanguarda”, afirmou o prefeito.
Cooperação estratégica
O Projeto Sabo integra um programa de cooperação entre o governo japonês e o Brasil, por meio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). São Sebastião foi um dos quatro municípios selecionados no país — ao lado de Caraguatatuba, Blumenau (SC) e Petrópolis (RJ) — para receber o projeto, que também já possui pilotos em andamento em Teresópolis e Nova Friburgo (RJ).
A cidade foi indicada pelo IPT após os impactos do evento climático de fevereiro de 2023, quando 64 pessoas perderam a vida. A tecnologia japonesa pode ser fundamental para mitigar os riscos de novas tragédias.
Vistorias técnicas e próximos passos
Após a apresentação, os engenheiros japoneses, ao lado de representantes da Defesa Civil de São Sebastião, da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do IPT, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura e das secretarias municipais de Obras (SEO) e Segurança Urbana (SEGUR), realizaram vistorias técnicas em três áreas indicadas para o projeto:
Vila Pantanal, em Juquehy
Rua da Sabesp, em Juquehy
Morro do Abrigo, região central
Esses locais passarão agora por análises de viabilidade técnica, que definirão qual deles integrará oficialmente o Projeto Sabo.
“As áreas escolhidas possuem características que se encaixam nos critérios do projeto. A próxima etapa é a definição do ponto ideal para implantação da estrutura”, explicou Ricardo Cardoso dos Santos, coordenador da Defesa Civil de São Sebastião.
Sobre o Projeto Sabo
A palavra Sabo vem do japonês e significa “proteção contra sedimentos”. Trata-se de uma tecnologia desenvolvida para conter fluxos de detritos, especialmente em regiões montanhosas e sujeitas a escorregamentos. As barragens Sabo podem ser permeáveis ou impermeáveis e são posicionadas estrategicamente nas partes altas das bacias hidrográficas, com o objetivo de conter sedimentos, troncos e rochas, reduzindo o risco de desastres.
Entre as funções principais estão:
Redução da velocidade e energia dos fluxos de lama e pedras
Captura de materiais que poderiam alcançar áreas habitadas
Proteção de vidas humanas e estruturas urbanas
Estabilização da linha de fundo dos rios em áreas de risco
A parceria internacional se estende até 2026, com foco em fortalecer a capacidade técnica brasileira na adoção de soluções estruturais frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Fonte:Redação